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Ah, o carente.
Mal deseja e já quer consumir.
Antecipa os sentimentos desprezando todo aquele conceito de
construção.
Recém plantou e já parte para a colheita.
Confesso que não sei lidar com filantropia amorosa.
Amor não é caridade. Amor é honra ao mérito.
Contudo, amor também é alimento para a alma. O carente é um desnutrido.
Um faminto emocional que age com euforia descomunal quando
um banquete lhe é ofertado. Qualquer migalha vira padaria.
O carente não aprendeu a saborear. Devora com a naturalidade
de quem não se alimenta há semanas.
A estética dos seus atos perde a relevância. Saciar-se é o
objetivo.
Rasga o pacote com força, sem seguir as indicações de
abertura.
Pois que me permitam defender o carente e suas motivações.
Ele não teve aulas de etiqueta para o amor.
Não condene. Isso tudo é só fome.
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